Olá, pessoal!

O post de hoje é um pouquinho diferente: navegando pelo grupo Depois dos Quinze, conheci o blog de uma menina chamada Priscila Veiga, que luta contra o câncer e tenta da melhor forma possível ajudar as outras pessoas que também passam por isso. O "Pri Vs Hodgkin" é uma espécie de diário, nele, a Pri conta como tudo está sendo pra ela, tudo o que acontece, enfim, deixa todos os leitores atualizados sobre a sua "pequena" luta contra o câncer.

Quando eu conheci a história da Pri, fui imediatamente conversar com ela e perguntei se ela poderia fazer um relato pro blog contando como lida com essa situação, como é a sua vida agora, etc. Vamos conferir o que ela escreveu pra gente:


"Em 2011 minha sogra teve câncer de tireóide, e assim que ela voltou pra casa notei que tinha um nódulo no meu pescoço, perto da clavícula. Perguntei para a madrinha do meu namorado que é enfermeira e ela disse que poderia ser apenas uma inflamação nos linfonodos e que iria sumir, e, caso não sumisse, eu deveria procurar um médico.

Um ano se passou e os linfonodos não desincharam. Eu, como sempre, levei na brincadeira e deixei de lado. O tempo passou e aquela “bolinha de gude” que tinha no pescoço virou uma bola de tênis. No dia 30 de novembro, meus pais chegaram de viagem e viram que crescia a cada dia. Nisso, marcamos uma consulta com a endocrinologista.

A consulta foi muito rápida, a médica não sabia ao certo o que poderia ser então pediu uma punção e uma ecografia. O tempo passou, fiz a ecografia e assim que saiu o resultado mostrei para a minha família. Meu avô resolveu levá-los para mostrar pra uma amiga da família que é médica e poderia decifrar aquela linguagem para nós muito complicada. Ela aconselhou que eu procurasse um cirurgião de cabeça/pescoço e um oncologista.

         Fui até a emergência de um hospital procurando o cirurgião. Me consultei com um cirurgião-geral, mas ele não poderia fazer nada, recomendou apenas que eu procurasse um cirurgião especializado em cabeça e pescoço e me disse que seria necessária uma punção que, nesse caso, deveria ser uma punção aberta, uma mini cirurgia.

       Marcamos uma consulta com um Hematologista e no dia marcado estávamos lá, esperando e esperando. A consulta foi bem rápida. Apenas se baseando no toque e na evolução da "bola", ele me deu duas suspeitas: Linfoma de Hodgkin ou Linfoma Não-Hodgkin. Mandou mais alguns exames.

         Marquei, então, a consulta com o cirurgião, o Dr. Amário Barros, e agendamos a cirurgia da biópsia para o dia 01 de fevereiro. Foi tudo muito rápido, não dava tempo de pensar em nada. Ainda mais porque eu estava com uma viagem marcada com meu namorado para Buenos Aires no dia 05. Uma viagem para esquecer tudo isso, pensar em coisas boas e principalmente aproveitar a vida porque o Dr Alexandre já havia me avisado que se confirmado o tratamento seria de, no mínimo, 6 à 8 meses de quimioterapia.

          Eu estava em Buenos Aires quando, no dia 15 de fevereiro, saiu o resultado da biópsia e com ela a confirmação de que eu estava com Linfoma de Hodkin. Claro que receber o diagnóstico foi uma notícia difícil de aceitar - afinal, não era uma gripe qualquer - e, nesse momento, um turbilhão de coisas passam na sua cabeça. Por que comigo? Por que com a minha família? Por que Deus me escolheu? Como será o dia de amanhã? E o principal: o que é essa doença? E aí, junto com meu namorado, vi vários blogs sobre esse assunto, o que me acalmou bastante. Percebi que não adiantava ficar triste, chateada ou com raiva. Eu deveria aceitar e seguir minha vida, seguir feliz porque é uma doença que TEM cura.

         Chegamos de viagem e logo tive uma consulta com o querido Dr. Alexandre para me explicar sobre o tratamento. Eu pensava que sabia alguma coisa sobre quimioterapia. Mas realmente cada dia é uma novidade, cada sessão meu corpo reage de alguma forma e assim vou seguindo. 
      A verdade é que todo mundo se surpreendeu comigo. Até eu mesma. Não achava que iria levar na boa uma coisa tão difícil. Mas foi bom, assim percebi que a nossa vida é curta, que temos que aproveitá-la. Ficar chorando por coisas pequenas? Pra quê? Ficar se lamentando porque hoje está frio e ontem estava quente? Não. Vamos ser felizes, porque ser feliz é o que importa.

      E é isso que tento passar pra todos. Que eu estou bem, que eu estou feliz da forma com que tudo isso aconteceu. Claro que às vezes eu dou uns surtos, choro e fico triste, mas eu tenho esse direito. Eu  posso ficar triste, eu posso chorar, mas só se depois de tudo isso eu colocar um sorriso no rosto e sair como se nada tivesse acontecido."

As "fases" do cabelo da Pri. Ela continua linda de qualquer jeito, né? ♥

Bom, agora que vocês já conhecem a história da Pri vou mostrar alguns posts que ela fez pro blog pra vocês entenderem mais ou menos como tem sido pra ela. Vou deixar do lado também o nome do post e quando ele foi publicado, caso vocês queiram ver a postagem completa.

"[...] Quando eu descobri que estava com câncer a primeira coisa que pensei foi: meu cabelo. Eu não ligo pro cabelo, nunca liguei. Não era do tipo que ficava indo ao salão pra fazer hidratação, escova ou qualquer coisa do tipo. Fazia minha hidratação em casa, comprava qualquer shampoo no mercado e era feliz assim. Tanto é que antes de começar a quimioterapia eu já cortei ele bem curtinho.
    O engraçado é que com o tempo e a perda do cabelo você aprende a conviver com as falhas dele, aprende a usar ele de um novo jeito, arruma aqui, arruma ali e tá tudo certo.
     Claro que não são todas as pessoas que ficam totalmente carecas, depende da medicação e principalmente do corpo de cada um. A única coisa que sabemos é que ele cai.
     Logo depois que pensei no meu cabelo e nas possibilidades de ter que raspar ou não veio outra coisa na minha cabeça: lenços. Acho LINDO, sempre achei e fiquei muito feliz em saber que agora eu poderia usar sem ser vergonha. Eu até arrisco sair de vez em quando, mas tenho muita vergonha pra isso, hahaha.
     O legal do lenço é que você pode usar pra tampar a "carequinha" ou até mesmo pra compor um look, usando ele no pescoço, bolsa, infinitas possibilidades. [...]" {"Lenços" - 03/07/2013}

"Aprendi a conhecer os efeitos dos medicamentos e, tomando meus comprimidos contra enjoo na hora certa, já não é sempre que vomito. Não vejo meu tratamento como um inimigo peçonhento, mas sim, como um amigo esquisito que com uma mão dura me faz melhorar. E corto logo quem vem me falar mal da quimioterapia. É a minha doença, minha luta, meu campo de batalha, minha vez."
A menina das nove perucas
  "Mudança. Um palavra que esta convivendo muito comigo. A cada dia que passa aprendo algo novo e dessa forma acabo mudando.
   Mudar o meu jeito de agir, pensar, escrever, enfim, viver. Desde que descobri que tenho câncer tento tolerar mais a vida, aceitar coisas que eu normalmente não aceitaria e percebi que isso foi bom pra mim. Eu precisava de mudança. Precisava de um empurrão pra tocar a vida.
    Minha cabeça não é a mesma, meu corpo não é o mesmo, meu cabelo não é o mesmo. A única coisa que permaneceu foi a minha essência, essa sim nunca vai mudar. 
   Ok, vamos ao motivo do post. Ontem alguns amigos foram lá pra casa e eu acabei dormindo tarde demais (quase 4h da manhã) e isso pra mim é MUITO difícil porque sou acostumada a dormir cedo. E sempre que durmo tarde acordo de mau humor. Hoje não foi diferente. Apesar de ter sobrado cookie e eu ter comido de café da manhã (o que me deixou extremamente feliz por um momento, obrigada Isadora), hehehe. Almocei e dormi, assim, não iria brigar com ninguém, afinal, ninguém merece ter que me aturar mau humorada.
    Quando acordei resolvemos ir em uma feira de exposições (aka EXPOTCHE) porque eu queria muito comprar chocolate (chocolate de Gramado <3). 
   Eu não esperava achar nada lá, achava que ia ser normal, como todo ano. Porém, algo me pegou desprevenida: uma loja de perucas. 
   Já disse varias vezes que não sou apegada ao meu cabelo, por mim tinha raspado há muito tempo. Sempre falo da boca pra fora... Essa semana fiz a minha nona sessão de quimio e foi muito difícil porque meu cabelo caiu bastante. Na verdade, faz umas duas noites que vou dormir pensando que "o grande dia está chegando". 
    O lance é que eu sempre fui contra perucas. Meu avô ofereceu comprar uma pra mim assim que comecei as sessões, uma amiga da minha mãe ia viajar para os Estados Unidos e ofereceu uma peruca e eu disse não. Que eu nunca iria usar uma coisa tão "artificial".
    Bem, hoje eu mudei. Quando coloquei uma peruca preta me senti como em um filme. Uma sensação boa, difícil de explicar, parecia que ali era outra pessoa, um outro eu. Era uma sensação que não sentia desde que descobri o câncer. Era como se ali fosse uma Priscila sem problemas, querendo apenas curtir a vida.
   Isso mudou a minha noite, ou melhor, o meu dia. Fiquei feliz, e decidi que vou sim usar peruca. E aguardem, esse dia está quase chegando. Vocês irão ver a versão "A menina das nove perucas" estrelando: Priscila Veiga.
    Enfim, mudanças são necessárias e agradeço por ter percebido isso há tempo. [...]" {"Mudança" - 14/07/2013}

Sabe, eu fico pensando em quantas pessoas a Pri está ajudando nesse momento. Eu leio os comentários que ela recebe, e eu fico muito feliz porque ela está feliz. É bom ver a energia que ela passa, mesmo com tudo o que acontece. É tão bonito o que ela está fazendo, pessoal. Isso motiva tantas pessoas do Brasil inteiro que também lutam contra o câncer. E, agora, eu também estou acompanhando o Pri Vs Hodgkin. Ela expõe os seus sentimentos de uma maneira tão intensa que é como se eu a conhecesse há anos. E estou compartilhando tudo isso com vocês porque acredito que seja uma forma de reflexão. A Pri mostra todos os dias que, mesmo com essas coisas acontecendo com ela, não adianta ficar triste. Não adianta sentar e ficar se lamentando, não adianta ficar chorando pelo que já aconteceu, e não adianta ficar irritada. Não adianta colocar a culpa em Deus, ou então achar que você fez algo errado, não adianta colocar a culpa em si mesma! Ela é um exemplo pra muita gente por aí. Muita gente que desaba por um problema qualquer. Muita gente egoísta, fútil e que não sabe aproveitar o que tem.

“Não acho que tenhamos de entender o que acontece o tempo todo. Eu acho que, às vezes, é preciso simplesmente ter fé.”


Um beijo,

Isadora.


9 Comentários

  1. Nossa Isadora, adorei conhecer a Pri.
    E não sei se a relação que eu vou fazer seja correta, mas depois que li "A culpa é das estrelas", vejo o câncer com outros olhos.
    Que ela seja um exemplo de vida para todos!

    Beijos, Lu ♥
    http://luizando.blogspot.com.br

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  2. Own Isadora,
    Obrigada pelo carinhos, de verdade! Fico muito feliz de ver pessoas como você assim no mundo. A maioria passa despercebido, ignora o meu blog, não estão nem ai. E você foi o contrário, quis mostrar pros outros que existe sim essa doença, mas que não é tudo isso.
    Obrigada mesmo! Fiquei muiiiiiiiiiiiito feliz.
    Espero que o papai do céu te ofereça tudo de bom na sua vida.
    Com certeza você é uma pessoa iluminada e merece.

    Beijooooos.

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    1. Oi, Pri!

      Aw, eu que agradeço! Sei como isso deve ser difícil, mas você continua com um sorriso no rosto e mostra pras outras pessoas que, mesmo com essa doença, consegue SIM ser feliz. Você é uma fofa e fiquei super feliz de ter conhecido, viu? Tudo em dobro pra você, de verdade!

      Beijos!

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  3. Que linda história da Priscila *-* É bom ver esses exemplos de pessoas que apesar de tudo continuam fortes e com sorriso no rosto, como ela!
    Beijos :)

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  4. Pri, vc é uma super mulher!!!
    Uma heroína de verdade, cheia de super poderes!!!! Nem sei dizer o quanto gostei desse post.... Força,menina linda!!!!

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  5. Uma lição de vida! Muito inspiradora a postura dela em relação à situação :)))

    Tudo de bom! Vc é guerreira e merece ;)

    :*

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  6. Eu simplesmente amei o post de hoje!
    Sabe? É bom ver que tem pessoas que mesmo passando por problemas tão delicados, ainda tem força de sorrir e de seguir em frente. De não se irritar, e viver o máximo possível... Concordo em número e grau em tudo que você disse, ela, com certeza, está mantendo forte várias pessoas que também passam por um problema tão difícil, ela os está ajudando, isso com certeza está acontecendo, e do modo como ela escreve, eu sei que ela mesmo passando por isso tudo, ainda está ajudando as pessoas! Continue assim Priscila! Porque, o que você está fazendo é a coisa mais bonita do mundo, ajudar ao próximo, te desejo toda felicidade e que você continue lutando pela sua felicidade, nunca desista!
    E Isadora, parabéns pelo post tão comovente, a gente se esquece -eu mesma esqueço- que não temos que reclamar quando há pessoas que passam mais dificuldades do que a gente, temos que agradecer a cada dia, então, esse post é para nós fazer relembrar que temos que agradecer por termos uma vida confortável, e nunca se esquecer que devemos sempre orar pelas pessoas que estão passando mais dificuldade.

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  7. Eu gosto quando as pessoas compartilham suas experiências de forma positiva. Isso ajuda muitos outros que estão passando pela mesma situação. A atitude diante das dificuldades pode e muito ajudar a resolver os problemas.
    Beijos
    http://literaturaeeu.blogspot.com.br/

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  8. Fiquei emocionada com a Priscila. Ela é uma grande e forte heroína!
    Que Deus à ilumine!

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A leitura é uma porta aberta para um mundo de descobertas sem fim. - Sandro Costa

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